Estou acompanhando atônita as notícias que dizem respeito a possibilidade de pais perderem a guarda dos filhos se optarem por não vacinar as crianças. Estou atônita que tenhamos que chegar ao ponto do Ministério Público intervir, pedir para denunciarem. E porque não acredito que existam pais que preferem arriscar a vida dos seus filhos e dos outros por pura ignorância.
O problema é grave. Embora o Ministério da Saúde ofereça de graça todas as 19 vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde a baixa procura causa preocupação. 312 municípios do Brasil estão com cobertura abaixo de 50% para vacinação de poliomielite e o sarampo reapareceu. Já foram registrados 475 casos só esse ano. Quase 500 casos de uma doença que já tinha sido eliminada do país.
Não vacinar é ignorância
Quando digo que não vacinar é ignorância estou me referindo ao fato de que essa “moda” não tem base nenhuma. As pessoas deixam de dar a vacina a partir de notícias falsas que lêem na internet. Falta esclarecimento. E falta cidadania. Porque uma criança saudável que pegue sarampo pode morrer. Mas uma criança que já tenha outra doença séria, como o câncer, vai morrer. Se um bebê não vacinado pegar sarampo também vai morrer. E isso não é fake news. Isso é fato comprovado.
De acordo com a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla Domingues, em entrevista concedida a revista Veja, a população só procura vacina quando o surto está na mídia e temos pessoas morrendo. “Fora isso, as pessoas não são vacinadas. Como se a vacina fosse uma ação curativa e não preventiva. Ela deve vir antes do surto. É dessa forma que você ganha imunidade. Até porque a vacina vai demorar pelo menos 15 dias para fazer efeito e, em um surto, nesse espaço de tempo, você não fica devidamente protegido”, disse.
Orientação
A primeira dose da vacina deve ser tomada aos 12 meses; a segunda, entre 4 e 6 anos de idade – ou até os 29 anos, caso a pessoa tenha pulado o reforço (confira a caderneta de vacinação).
– Dos 29 aos 49, a vacina também existe nos postos, gratuitamente, mas em dose única.A partir dos 50 anos, a pasta considera que a pessoa já foi exposta ao vírus.
– A vacina vale para vida toda. Mas se você tem dúvida se está imunizado ou não, vale a pena tomar de novo.
– Não podem receber a vacina: gestantes, casos suspeitos da doença, crianças com menos de 6 meses e pacientes imunodeprimidos.
– As grávidas devem esperar parir para tomar a vacina. O ideal é checar, antes de engravidar, via exame de sangue, se a gestante está ou não imunizada. Os obstetras costumam pedir esse exame nas primeiras consultas.
– A vacina é o vírus atenuado. Os registros, raros, de reação são de alergia a algum componente.
– Importante: se você já teve a doença, tranquilize-se, pois já está imunizado.