Vim aqui me confessar e já aviso que estou preparadíssima para os julgamentos em praça pública, os xingamentos virtuais e as pedradas dos politicamente corretos. O pior jurado sou eu mesma. E eu já estou me punindo o suficiente. A questão é que pareço boa mãe mas só pareço.
Ontem, enquanto colocava o cinto nas crianças para seguirmos para a escola algo me fez lembrar que era quinta-feira. Em seguida, já saindo com o carro, lembrei que era dia de ir ao Summer Camp de fantasia de bicho. E, logo depois, lembrei que não tinha comprado a bendita fantasia.
Enquanto dava meia-volta e entrava de novo na garagem fiquei pensando em fingir demência e levar a criança sem fantasia para a escola mesmo; em colocar a culpa nela (que tem 5 anos) por não ter me lembrado; em matar o trabalho e não leva-la a escola (e, assim, evitar a decepção). Mas optei pela verdade. “Nina, você sabe que sua mãe é louca, né? Pois hoje é o dia da fantasia de bicho e eu esqueci!”, disse envergonhada. Antes mesmo que ela tivesse qualquer reação, saí voando e gritei: “Mas fica tranquila porque eu vou resolver isso rapidinho”.
Subindo as escadas de casa pensei em como inventar uma fantasia de animal em minutos. Coelho? Não tinha nem as orelhas. Leão? Nada de juba. Elefante? Não rolava uma tromba. Foram minutos de pânico. Gelo no estômago. Até que avistei, ao longe, a orelhinha da Minnie pendurada. Eureka!!! Estava pronta a fantasia de…rato!!! Afinal, a Minnie é um rato, né? Do Walt Disney, estilizada, mas é um rato!!
Peguei a milagrosa orelha, uma saia preta e vermelha de bolinhas, uma regatinha e um sapato preto e entrei no carro me sentindo a vencedora da gincana das mães! Pra melhorar, Nina me recebeu com um super sorriso, mesmo tendo topado usar mesmo só a orelha e a saia. Ufa! Menos mal.
No caminho até a escola falei que ela seria a ratinha mais linda, deixei até passar um gloss e um blusa (mãe culpada é dose!!). Ao chegar percebi que sofri a toa quando o assunto eram as outras crianças, porque a maioria estava no mesmo esquema, tudo meio improvisado (pro meu alívio!). Respirei fundo, me despedi da Nina e vi minha filha se afastar e entrar na classe feliz da vida. A tarefa estava cumprida, certo?
Não. Errado. Segui para o trabalho chateada. Queria ser aquelas mães que sabem tudo, que não esquecem uma data. Que cozinham pra caramba e nunca mancharam uma peça de roupa ao lavar (provavelmente porque não misturam todas as cores como eu faço). Queria ser aquelas que conhecem todos os amigos dos filhos, tem o telefone de todos os pais, amam os grupos de mães do whatsapp. Queria ser a que tem sempre a roupa impecável, o armário separado por cores, os brinquedos guardados em caixas etiquetadas. Mas não sou nada disso. Eu confesso. Pareço boa mãe…mas não. Não sou. E peço desculpas às minhas filhas por isso.