Desde que eu mudei para os EUA muita gente me escreve em busca da solução dos seus problemas. “Estou desempregada, quero mudar de país como você” é a frase que mais escuto ou recebo pela internet. E a que mais me intriga também. Será que as pessoas pensam que mudar de país resolve tudo? Será que imaginam que a vida por aqui é fácil? Será que as pessoas tem a ilusão de que arrumar emprego num país onde se é estrangeiro é simples?
Mudar de país é tranquilo?
Pois bem. Vamos aos fatos. Mudar de país é uma opção e uma maneira de abrir o leque de possibilidades da vida sim. Também é uma maneira de dar novas chances ao futuro, de se reinventar. Mas não é fácil e nem é para todo mundo.
Há que se abrir mão do que já foi construído. Há que se começar de novo (muitas vezes em algo completamente desconhecido). Há que se aprender a lidar com o medo, a saudade, a falta. E isso é mais complicado do que parece.
Por isso mesmo vejo famílias inteiras chegando aqui todos os dias, cheias de sonhos. Enquanto vejo outras tantas voltando para o Brasil decepcionadas. Algumas nem esperam o tempo necessário para que as coisas aconteçam, para que as oportunidades apareçam. Outras não se encontram. Não se encaixam. Não se misturam.
Mudar de país é muito mais do que deixar família e amigos para trás. É muito mais do que comprar passagem e fazer as malas. Mudar de país é mudar de cabeça. De rumo. De caminho. De sonhos. É se decepcionar com um monte de gente. É se apaixonar por outras tantas. É mudar internamente. É virar uma nova pessoa, com nova percepção sobre a vida. É enxergar tudo sob outro angulo, um outro filtro, com novas cores.
Por isso, sempre que alguém me diz que vai mudar de país eu digo: “pense bem”. Aqui há dificuldades, obstáculos, desafios como em qualquer outro lugar. Mudar de país não é fácil.