Mudanças residenciais significam muito pra mim. Mais do que mudar de casa simplesmente, quando eu me mudo eu costumo abandonar também velhas peças e velhos hábitos. Experimentar um novo jeito de ser e de viver. Me redescobrir.
Falo isso baseado em vasta experiência. Mudei de casa milhões de vezes. Quando era pequena morávamos todos numa casa pequena. Mudamos pra uma chácara em busca de espaço. O tempo passou e decidimos tentar a praticidade de um apartamento. Não nos acostumamos e voltamos para a chácara.
Cresci e decidi mudar sozinha pra um kitinete em outra cidade. Depois outra, mais longe, onde aluguei um ap um pouco maior. Em seguida outro Cep e, dessa vez, uma cobertura. Casei e fui para uma casa de vila. Engravidei e escolhi uma casa num condomínio afastado. Há dois anos decidi tentar a vida nos EUA. E, agora, nos preparamos para mais uma das minhas amadas mudanças residenciais.
Mudanças residenciais são tudo de bom!!
É como se em cada uma delas eu tivesse me transformado de alguma maneira. Aprendido. Amadurecido. Seja quando deixei o conforto da casa dos meus pais para encarar o mundo sozinha. Seja quando troquei de bairro. De vizinhança, de cidade, de país.
O fato é que, a cada troca, deixei parte do que eu era e me transformei numa nova pessoa. Tanto é verdade que quando passo em frente as casas antigas não reconheço mais a pessoa que morou ali. Não entendo meus medos, minhas dúvidas e minhas angústias daquela época. É como se eu não me reconhecesse.
É isso. Mudo junto com minhas mudanças. Nas caixas que me acompanham ponho tudo de bom que aprendi no caminho. O que soma. O que acrescenta. Nas que vão pro lixo deixo meus erros. Minhas bobagens. Perdas de tempo em meio a papéis rasgados e tupperwares sem tampa.
Mais uma mudança está a caminho. HOJE vamos para uma nova casa. Perto o suficiente para podermos fazer a mudança de um jeito bem caseiro. Longe o suficiente para abandonar pelo caminho tudo que não me emociona mais.