Nina tem escrito cartas. Cartas de filha pra mãe. Na verdade são bilhetes. Mas ela chama de cartas. E o conteúdo é sempre um pedido de desculpas. Funciona assim: ela apronta. Eu brigo. Ela some. Minutos depois aparece por debaixo da porta de onde eu estiver uma carta com pedido de desculpas. Com direito a desenho e tudo mais.
Carta que me quebra no meio…
Eu me derreto. Esqueço a bronca na hora. Desculpo qualquer coisa que ela tenha feito. Sei que não era pra ser assim. Mas é. Ela me quebra no meio. E como isso está evidente a cena se repete quase todos os dias. Aprontei? É só fazer uma carta pra minha mãe que está tudo certo. Acho que é assim que ela pensa…
Mas o fato é que o que ela apronta é nada perto da beleza que é se arrepender. Pedir desculpas. E colocar os sentimentos pra fora. Pelo menos essa é a minha opinião. Um dos meus desafios quando o assunto é educar minhas filhas é ensinar que não se deve guardar mágoa e muito menos se esconder atrás de erros. Não quero que minhas meninas sejam aquele tipo de pessoa que tem medo de expor seus sentimentos. E trabalho duro pra que elas entendam a importância de ser assim.
Pelo jeito está dando certo. Até demais. Na verdade, esperta que é, Nina descobriu que se arrepender e pedir desculpas me faz cancelar castigos, interromper broncas, voltar atrás. Não era bem essa ideia, mas foi o que aconteceu. Crianças estão a milhões de anos de distância na frente da gente, fazer o que?
Mas o que importa é que no final ela compreendeu a mensagem. Não diz que não errou. Reconhece o erro e pede desculpa. Tomara que ela leve essa lição por toda a vida…