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Quem deixa o bebê no chão desse jeito?

Essa foi a pergunta que milhares de pessoas se fizeram nos últimos dias nas redes sociais desde que a foto acima foi postada. Como se estivéssemos na idade média, a mãe foi julgada e apedrejada em praça pública. Sem chance de defesa. Ninguém procurou saber o que tinha acontecido. A imagem mostrava que a mulher estava no celular e o bebê no chão. Simples assim. A única pergunta era: quem deixa o bebê no chão desse jeito?

Antes de contar os motivos que levaram essa mulher a fazer isso, quero dizer que também acho chão (seja do aeroporto, do supermercado, do parque) insalubre, sujo, impróprio para seres humanos de qualquer idade (especialmente para bebês que, nesse caso, parece ter 3 meses). Também achei a cena forte. Também me choquei. Também tive dó como  mulher que aparece na foto perto da mãe (e que olha pro bebê no chão com tristeza). Mas, antes de integrar a patrulha dos politicamente corretos, decidi saber o que realmente tinha acontecido para um ato tão estranho. Não achei, como a maioria dos juízes de plantão, que a mãe estava no celular tranquila enquanto o bebê ficava no chão. Tinha algo estranho nessa história.

Pois bem. A verdade veio a tona. Quem conta é um repórter do site da Revista Crescer, onde foi postado o  seguinte texto : “… A companhia Delta Airlines se responsabilizou pelo ocorrido. A empresa tem sido criticada por falhas operacionais e sofreu uma falha no sistema de informática, que levou vários passageiros a enfrentar longas esperas. Uma das mais simbólicas acabou sendo a da norte-americana Molly Lensing. De acordo com uma reportagem publicada no site myAJC de Atlanta, nos Estados Unidos, a mulher estava viajando sozinha com a filha, de 2 meses, depois de visitar seu irmão no Colorado. O clique que viralizou foi feito no Aeroporto Internacional Hartsfield-Jackson, em Atlanta, onde ela esperava por uma conexão há dias.

“A viagem deu errado desde o início e ficou pior”, diz a reportagem. O vôo de Molly, marcado para uma segunda-feira, foi cancelado. Então, o que foi reagendado para terça atrasou por seis horas, o que fez com que ela perdesse sua conexão em Atlanta. Então, ela esperou até a meia-noite por outro vôo, que foi cancelado de última hora. Depois disso, ela ficou até as 4h30 da manhã no telefone com a companhia aérea, tentando resolver o problema. No final, disseram a ela que não havia mais vouchers para custear a noite em um hotel próximo. Por isso, ela precisou dormir no chão do aeroporto com o bebê.

Na quarta-feira de manhã, ela deu entrevista a eum repórter enquanto trocava a fralda da filha no chão e disse: “Ainda bem que eu trouxe muitas fraldas”. Seu vôo tinha sido reagendado para quinta-feira, mas, cansada de esperar, ela trocou mensagens com os pais dela pelo celular, tentando organizar para que eles fossem buscá-las de carro. Ou seja, ela estava dormindo com a criança no chão, mas acordou antes e se sentou para tentar resolver o problema.

A Delta Airlines disse que está trabalhando para reverter sua imagem diante dos clientes, mas não divulgou nenhum ressarcimento específico a Lensing. Enquanto isso, vale lembrar que julgar pode ser mais fácil do que entender que há um contexto por trás de cada situação”.

No momento em que lia o texto me coloquei no lugar da mulher e do bebê. Eu, que vivo em aeroporto, sei bem a canseira que é quando vôos atrasam, são remarcados, quando acontece o maldito overbooking. Sei também que as regras para ressarcir os passageiros nunca são seguidas a risca (os vouchers de comida e hotel nunca são suficientes, por exemplo). Apesar de ter enfrentado milhões de situações ridículas em aeroportos pelo mundo, graças a Deus, estava sempre sozinha, nunca com minhas pequenas.

Cansada de dormir em poltrona de sala de embarque, muitas vezes fui para o chão. E nem me venha falar de sala VIP – elas costumam ficar a quilômetros de distância do portão e tudo que você não quer num momento tenso desse é se afastar do portão.

Se eu faria a mesma coisa que essa mãe? Não sei. O que eu sei é que hoje em dia é muito mais fácil jogar pedra no vizinho do que cuidar do próprio telhado. Na hora de julgar os outros todos somos santos, corretos, perfeitos. Não nos damos ao trabalho nem de ler as histórias até o fim. Simplesmente olhamos a foto do post, assinamos a sentença e decretarmos a morte do protagonista da história. Sem dó e nem piedade. Lamentável.

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