Amigas

Elas sabem onde eu nasci. Conhecem meus pais. Sabem que adoro falar -e cantar – de manhã. Sabem que prefiro vinho a cerveja, praia a montanha, calor a frio. Já dormiram comigo em repúblicas, depois da balada e até no hospital.  Me conhecem melhor do que eu mesma. Sabem de onde eu vim e até onde posso chegar.  Sim, tem dias que o coração aperta e eu sinto vontade de dizer pra todo mundo ouvir: que saudade, amigas!

Estou falando daquelas que me acompanham faz tempo. Daquelas pra quem não preciso me apresentar, não preciso me explicar. Elas sabem. Elas percebem. Elas entendem. Respeitam meus defeitos porque sabem que tenho muitas qualidades. Me viram vencer muitas batalhas e perder outras tantas. E gostam de mim mesmo assim, acima de tudo, apesar de tudo. Como minha família.

Desde o dia em que decidi morar fora do país eu sabia que seria delas que sentiria mais falta. Do papo de horas no telefone (que por causa do fuso nem sempre dá certo), do desabafo na mesa do restaurante perto de casa, do sorriso compreensivo quando eu fazia algo errado (e olha que fiz muita coisa errada na vida)!

Claro que aqui eu já fiz muitas amigas e amigos. Gente muito especial, querida, com quem sei que posso contar. Mas, numa boa, não é a mesma coisa. É como se só elas soubessem quem eu sou de verdade. Só elas conhecem minhas crises de fúria e meus momentos de loucura. Só elas entendem quando cada um acontece. Quando preciso rir até doer a barriga ou chorar em silêncio.

Tem dias, como hoje, que acordo com mais saudade. Pode ser porque está chegando meu aniversário e elas não vão estar aqui pra me cobrar a comemoração que todo ano eu tenho preguiça de fazer, pode ser porque está friozinho e estou mais carente, pode ser porque estou sentindo a vida passar muito rápido. O fato é que estou saudosa. E queria elas perto de mim!